Agricultores nordestinos pedem crédito emergencial em troca de doarem alimentos

Proposta foi oficializada em um documento, assinado por representantes de sete estados

Escrito por: Erick Gimenes | Brasil de Fato • Publicado em: 04/05/2020 - 10:27 Escrito por: Erick Gimenes | Brasil de Fato Publicado em: 04/05/2020 - 10:27

Agricultores familiares apresentaram proposta aos governadores do Consórcio Nordeste para que se crie um crédito emergencial específico e imediato para camponeses da região. O pedido foi oficializado em um documento assinado por representantes de sete estados, entregue na quarta-feira (29) ao consórcio.

O valor da linha de crédito sugerido é de R$ 7 mil por agricultor, sem burocratização, financiado pelo Fundo de Combate à Pobreza dos Estados, com taxa zero de juros. O pagamento, sugerem os agricultores, deve ser feito com alimentos entregues por eles próprios em escolas, hospitais e entidades filantrópicas.

“É um crédito específico, a ser criado pelos governadores, no valor de R$ 7 mil, para que os agricultores possam devolver isso em alimento. Neste momento, a gente precisa, de forma imediata e urgente, garantir que chegue dinheiro na mão do povo”, explica Aurí Junior, diretor da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar (Fetraf) do Ceará.

::Sem apoio, agricultores perdem produtos enquanto populações vulneráveis passam fome::

Os trabalhadores alegam que há dificuldades específicas no Nordeste, como um alto índice de pobreza, de fome e as secas constantes, que merecem atenção e decisões específicas no enfrentamento ao novo coronavírus.

“Nossos agricultores aqui da região Nordeste acabaram de enfrentar sete anos de seca, um período de muita dificuldade. Nós temos uma grande parte dos agricultores que já fizeram uma prorrogação de suas dívidas porque tiveram perdas com a seca. Agora, é preciso que a gente garanta recursos na mão dos agricultores para que eles consigam manter as pequenas produções e consigam sobreviver”, indica Aurí.

::Medidas emergenciais anunciadas pelo governo à agricultura familiar não saem do papel::

Além da linha de crédito emergencial, os agricultores também pedem, no documento, a ampliação do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), garantia de execução do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), custeio e investimento para o cooperativismo solidário, programa de distribuição de cestas básicas e retomada do programa nacional de apoio à capitação de água de chuva.

De acordo com o coordenador da Fetraf Bahia, Rosival Leite, as medidas são necessárias para compensar a inércia do governo federal frente a pandemia. “O governo federal tem anunciado medidas, porém elas não têm efetividade, ou seja, não chegam a quem precisa”, lamenta.

Governadores

Procurado para falar sobre o assunto, o Consórcio Nordeste, que agrega os mandatários da região, informou que o documento ainda não foi entregue aos governadores. De acordo com o secretário-executivo do grupo, Carlos Gabas, a ideia é que o repasse ocorra em uma ocasião em que os secretários de Desenvolvimento Rural de cada estado também recebam a carta, pois eles participam das discussões sobre o tema com os movimentos populares.
 
Em conversa com o Brasil de Fato, a subsecretária do Consórcio, Fernanda Coelho, disse esperar que na próxima semana seja possível pautar o tema com os governadores.

Edição: Rodrigo Chagas

Título: Agricultores nordestinos pedem crédito emergencial em troca de doarem alimentos, Conteúdo: Agricultores familiares apresentaram proposta aos governadores do Consórcio Nordeste para que se crie um crédito emergencial específico e imediato para camponeses da região. O pedido foi oficializado em um documento assinado por representantes de sete estados, entregue na quarta-feira (29) ao consórcio. O valor da linha de crédito sugerido é de R$ 7 mil por agricultor, sem burocratização, financiado pelo Fundo de Combate à Pobreza dos Estados, com taxa zero de juros. O pagamento, sugerem os agricultores, deve ser feito com alimentos entregues por eles próprios em escolas, hospitais e entidades filantrópicas. “É um crédito específico, a ser criado pelos governadores, no valor de R$ 7 mil, para que os agricultores possam devolver isso em alimento. Neste momento, a gente precisa, de forma imediata e urgente, garantir que chegue dinheiro na mão do povo”, explica Aurí Junior, diretor da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar (Fetraf) do Ceará. ::Sem apoio, agricultores perdem produtos enquanto populações vulneráveis passam fome:: Os trabalhadores alegam que há dificuldades específicas no Nordeste, como um alto índice de pobreza, de fome e as secas constantes, que merecem atenção e decisões específicas no enfrentamento ao novo coronavírus. “Nossos agricultores aqui da região Nordeste acabaram de enfrentar sete anos de seca, um período de muita dificuldade. Nós temos uma grande parte dos agricultores que já fizeram uma prorrogação de suas dívidas porque tiveram perdas com a seca. Agora, é preciso que a gente garanta recursos na mão dos agricultores para que eles consigam manter as pequenas produções e consigam sobreviver”, indica Aurí. ::Medidas emergenciais anunciadas pelo governo à agricultura familiar não saem do papel:: Além da linha de crédito emergencial, os agricultores também pedem, no documento, a ampliação do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), garantia de execução do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), custeio e investimento para o cooperativismo solidário, programa de distribuição de cestas básicas e retomada do programa nacional de apoio à capitação de água de chuva. De acordo com o coordenador da Fetraf Bahia, Rosival Leite, as medidas são necessárias para compensar a inércia do governo federal frente a pandemia. “O governo federal tem anunciado medidas, porém elas não têm efetividade, ou seja, não chegam a quem precisa”, lamenta. Governadores Procurado para falar sobre o assunto, o Consórcio Nordeste, que agrega os mandatários da região, informou que o documento ainda não foi entregue aos governadores. De acordo com o secretário-executivo do grupo, Carlos Gabas, a ideia é que o repasse ocorra em uma ocasião em que os secretários de Desenvolvimento Rural de cada estado também recebam a carta, pois eles participam das discussões sobre o tema com os movimentos populares.   Em conversa com o Brasil de Fato, a subsecretária do Consórcio, Fernanda Coelho, disse esperar que na próxima semana seja possível pautar o tema com os governadores. Edição: Rodrigo Chagas



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